domingo, 4 de outubro de 2020

ANÁLISE DO SETOR IMOBILIÁRIO NO CONTEXTO ATUAL?

Após a crise mundial que assolou em especial o setor do imobiliário no início da década passada, que se seguiu um período de prosperidade e expansão, e que agora é interrompida pela atual situação de pandemia que assolou o mundo, vemo-nos assim perante várias incógnitas e interrogações que deixam os agentes/atores económicos e do mercado imobiliário apreensivos.

A principal questão que se levanta é a seguinte: Irá ocorrer o declínio do mercado imobiliário, qual o impacto e para quando se prevê?












No presente os projetos em curso e sobretudo no segmento residencial mantêm-se em desenvolvimento e as operações estão num ritmo moderado, porém com a resiliência e dinâmica razoável para manter o mercado imobiliário em funcionamento “normal”, contudo existem também, sinais que geram alguma apreensão e prudência no futuro, senão vejamos:

– Para os mais céticos e pessimistas estamos perante uma crise que irá despoletar a qualquer momento e a que se seguirá grande recessão, já para os mais moderados estamos numa fase em que haverá ajustamentos, com algumas perdas, redução da procura, prudência do lado da procura e em que haverá perdas que serão recuperadas no longo médio/prazo, para os otimistas os valores subiram (em muitas localizações) e a procura continua a comandar o mercado, pelo que esta situação é passageira e não terá impacto significativo para o mercado imobiliário!

Ao analisarmos o mercado imobiliário no geral e o segmento residencial em particular, pois é o mais mediático e o que maior impacto direto tem nas famílias, encontramos sete fundamentos socioeconómicos que na nossa ótica podem ajudar a explicar o que poderá esta para vir e os seus impactos no imobiliário.

Oferta

Atualmente o residencial tem aumentado o stock de imóveis para venda, o que dalgum modo veio aumentar a oferta disponível devido ao incremento da oferta de usados a somar aos imóveis novos e em curso/obra e futura venda, existindo assim a tendência no curto e médio prazo para o aumento considerável da oferta.

Procura

A pandemia produziu uma redução ligeira da procura na generalidade. Porém há movimentos de procura, como exemplo algumas famílias a mudarem de apartamento para moradia, ou a ascenderem na tipologia da fração, e até mesmo na compra de segunda habitação como refúgio. Não obstante estes casos, a procura tem abrandado desde o início da pandemia, mas mantendo o volume e confiança suficientes para o mercado manter o funcionamento.

Preços

Excecionalmente em algumas zonas de Lisboa e Porto, verifica-se um ligeiro crescimento. Contudo, em média, e por todo o país os preços mantêm-se constantes e nalguns casos vão descendo ligeiramente. Constata-se também um desconto considerável entre o asking e o closing, que nalguns casos é muito superior aos 10%.

Economia

O PIB nacional avançou 2,2% em 2019, havendo a previsão que em 2020 seja de -9,5% em linha com a média da União Europeia que está prevista em -8,5%. A taxa variação do desemprego tem previsão que aumente para 10,1%. Previstas a diminuição das exportações em -25% e do emprego em -4,5%. Há até 2030 recursos financeiros comunitários (EU) que injetaram na economia nacional cerca de 58 mil milhões euros.

Investimento

Os investidores estão apreensivos e os que possuem liquidez avançam com aquisições reforçando os seus portefólios com devida prudência, e sobretudo nos principais centros urbanos e exigindo taxas de rendibilidade acima do normal. Os especialistas e principais economistas indicam que o investimento privado deverá cair em 2020 mais de 10% face a 2019 e o consumo/investimento publico também abrandará.

Bancos

As mais recentes normas bancárias limitam o crédito hipotecário a pessoas solventes (análise das responsabilidades de crédito do BdP) e a um máximo de 80% do valor da casa. Os principais bancos continuam a financiar as famílias na compra de habitação. A taxa de juro de referência (Euribor) para o crédito hipotecário, de acordo com os especialistas, manter-se-á baixa, pelo menos até 2025.

Famílias

O endividamento e, por conseguinte, a vulnerabilidade financeira das famílias tenderá agravar no médio/longo prazo, no curto prazo está amparada dalguma forma pelas moratórias e medidas excecionais implementadas pelo Governo.

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