A
europa, ao longo da ultima década, tem sofrido algumas mudanças a nível
económico e financeiro prejudiciais ou até fatais para alguns dos países que a
constituem; outros, por sua vez, se manifestaram com tentativas de afirmação e
de domínio magnata.
Muito
se tem visto e falado ao longo dos últimos anos: a Alemanha apresentou-se como
um país pujante, a Grécia declarou banca rota, Portugal solicitou apoio ao
fundo monetário internacional e, mais recentemente, o Reino Unido decidiu
romper a aliança com união europeia. Ora, se uns veem o seu estado económico e
político a definhar, outros, fazem os esforços possíveis para se manterem
dentro de um certo nível de estabilidade e independência, e outros ainda,
conseguem progredir e se manter autónomos económica e financeiramente.
As
tendências políticas e sociais dos países bem como as formas de pensar e agir
caraterísticas de cada zona geográfica/cultura, causam impacto por vezes
considerável nas atividades que geram valor para esses próprios países: a
agricultura, a extração mineira, a indústria, a construção e obras públicas, a
saúde, a educação, os transportes, entre outros. Como tal, o mercado
imobiliário sofre as consequências dos fluxos que os países vão apresentando.
No
Reino Unido, os cidadãos decidiram em referendo que pretendiam abandonar a
União Europeia. Desta forma, saíram da união europeia cerca de 43 anos após a
sua entrada. As vantagens e consequências desta decisão ainda são duvidosas e
incertas, pelo que quer os cidadãos, quer as empresas, os governantes, e todos
os que direta ou indiretamente se relacionam com a Grã-Bretanha e a Irlanda do
Norte, se vão adaptando e percebendo qual o melhor caminho a seguir. No
entanto, de facto, a desvalorização da moeda, a desvalorização do património e as
variações nas bolsas internacionais são três fatores críticos e eminentes, com
consequências negativas.
De
acordo com o jornal Diário de Notícias, no decorrer de junho e julho,
verificou-se uma corrida às amortizações antecipadas, tendo-se constatado que
seis fundos imobiliários, como a M&G Investiments, a Canada Life, a
Columbia Threadneed, Henderson Global, Aviva Investors Property Trust e
Standard Life, optaram por suspender a negociação dos seus títulos, devido à
considerável desvalorização dos seus ativos. O mercado habitacional, comercial,
de serviços e armazéns, que já tinha dado sinais de especulação assim que foi
anunciado o referendo, apresentou uma ausência de valorização significativa
comparativamente com aquela que aconteceria caso não ocorresse o Brexit;
eventualmente, tal foi motivado pelo receio de fuga de empresas e
multinacionais e consequente perda de investimento e valorização de imóveis.
Sendo
os ingleses uns dos principais investidores no mercado imobiliário em Portugal,
é relevante que o sector compreenda e se salvaguarde do impacto que o Brexit
possa causar. Espera-se que os ingleses continuem a investir no nosso mercado
imobiliário, dado as caraterísticas vantajosas do nosso país serem mantidas:
edifícios com elevada qualidade construtiva situados em zonas premium com belas
paisagens, boa gastronomia, promissoras atividades culturais e de lazer,
segurança, boa rede de saúde, com temperaturas tendencialmente agradáveis, boas
zonas balneares e campestres, entre outros. Por outro lado, Portugal continua a
ser um país em que mesmo nas zonas de luxo, apresenta índice de venda (€/m2)
que é considerado acessível pela maior parte dos países cujos principais
investidores são originários. Em relação ao Reino Unido, a questão predominante
que aqui se coloca, é relativa à livre circulação de pessoas que poderá ficar
afetada e condicionada. No entanto, para contornar esta situação poder-se-á
recorrer aos Golden Visa, já abordados na newsletter do mês passado.
No
que diz respeito aos investidores que tinham por hábito investir no Reino Unido,
nomeadamente os indianos e os chineses, poderão sentir-se menos confortáveis
com a aplicação dos seus investimentos. Desta forma, poderão tender a redirecionar
o seu investimento para outros países da união europeia, como Portugal. Desta
forma, caberá a Portugal desenvolver medidas para captação e dinamização dos
nossos imóveis de luxo, diretamente para os países com maior número de
investidores no Reino Unido, com o intuito de canalizar investimento. A
promoção imobiliária poderá ser uma forte aposta de sucesso, atraindo
potenciais compradores e visibilidade para o mercado imobiliário português.
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newsletter outubro 2016
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